Mesa Redonda: Cíntia e Radamés - Mediada por prof. Arnott Ramos Caiado
Recife, 03 de junho de 2025. Auditório da Faculdade SENAC
Seguem os principais pontos do bate papo que aconteceu com presença dos convidados:
Olá a todos e bem-vindos ao nosso podcast "Compartilhando Experiências"!
Eu sou Arnott Caiado e hoje temos o prazer de mergulhar em um bate-papo sincero e descontraído com
dois convidados excepcionais: Emerson Radamés e Cíntia.
Nossa proposta é trazer para vocês o que não está no currículo, o que vem da raiz da experiência de cada um deles,
mostrando suas jornadas profissionais de forma instigante e atual.
Conhecendo Nossos Convidados Estelares
Primeiro, apresento a vocês Cíntia. Com 46 anos e mãe de dois filhos,
ela é uma verdadeira força motriz na gestão comercial.
Iniciou recentemente seu curso de gestão comercial, mas já trabalha na área há muito tempo.
Há 13 anos, atua em uma importadora, sendo responsável por vendas, gestão,
compras e mergulhando no universo da importação, viajando à China em busca de novidades
que impulsionam negócios. Cíntia explora feiras e fábricas no Brasil, sempre atenta às tendências,
e sua paixão é transformar detalhes em sucesso e criar valor para pessoas e produtos.
Ela nos contou que ama vendas, é o que ela ama fazer.
Cíntia também agradeceu a presença de seus colegas de faculdade e o pessoal de sua empresa,
incluindo a diretora e proprietária da empresa do segmento de artefatos para festas, sediada em Recife,
atuando com atacado e varejo e importações, para a qual trabalha.
Ao lado dela, temos Emerson Radamés.
Com 52 anos, casado e pai de um garoto, ele está na área comercial há mais de 30 anos.
Radamés é empresário, treinador e franqueado movido por resultados, conhecido por liderar equipes comerciais
de alta performance no Brasil e no exterior, sempre com bom humor e propósito.
Especialista em marketing e consórcios, ele transforma desafios em conquistas, inspirando a todos com seu lema:
"Se liga no Radar". Radamés já passou por muitas experiências, tendo tido uma gráfica por 22 anos,
e já deu várias consultorias pelo Brasil, formando distribuidores e equipes comerciais de alta performance.
Ele se considera um apaixonado pela vida, colocando Deus em primeiro lugar e a si mesmo em segundo,
pois acredita que ao cuidar de si, é possível cuidar do outro, e que o sorriso abre portas e fecha negócios.
A Descoberta da Paixão pelas Vendas e os Primeiros Passos
Perguntamos a Cíntia como ela descobriu sua paixão pelo comércio.
Ela nos revelou que sua primeira formação foi técnica em enfermagem, e até atuou na área,
mas percebeu que não era o que realmente queria.
Ela começou a trabalhar muito cedo com vendas, vendendo revistas da Avon, e daí em diante,
vendeu de tudo o que aparecesse. Cíntia refuta a ideia de que quem não sabe fazer nada vira vendedor,
afirmando que a venda é a maior arte que existe no mundo e que o comércio a encanta.
Seu trabalho com artigos de festa é algo que a encanta ainda mais,
pois ela trabalha com alegria e "vende sonhos".
Radamés compartilhou que, por incrível que pareça, ele era um cara tímido e tinha dificuldade em se expressar.
Ele descobriu sua paixão pelas vendas quando percebeu que, através de uma venda,
se entrega um presente às pessoas, pois se está resolvendo uma dor ou realizando um sonho.
Para ele, ser vendedor é a "profissão mãe de todas as profissões", pois todos nós, seja um professor, médico,
contador ou dono de agência, estamos sempre vendendo algo – seja nossa aparência, nossa ideia ou nosso trabalho.
Ele ressalta que para vender, é preciso entender de pessoas.
Grandes Lições e Momentos Críticos
No nosso bate-papo, exploramos as situações críticas que marcaram suas carreiras. Cíntia, em sua área de importação, enfatizou a importância de se ter muito cuidado com a compra, pois um erro em grandes volumes pode ter um impacto enorme. Ela ressalta que uma boa venda depende de uma boa compra, e que a qualidade e o tipo de produto importam mais do que o preço – o preço é um mito, o que vale é a necessidade do cliente. Ela compartilhou uma lição valiosa sobre artigos de Halloween: após uma pré-venda bem-sucedida que esgotou o estoque, decidiram fazer uma nova compra, mas uma greve de despachantes e fiscais atrasou o contêiner, que só foi liberado após o Halloween. Isso resultou em um ano com a mercadoria parada, mostrando como as tendências de mercado podem impactar negativamente se o tempo não for bem mensurado. Essa experiência a ensinou a ter mais cautela e a considerar cenários de "e se isso acontecer?".
Radamés, do ramo gráfico, onde perdas de 10.000 folhas eram uma realidade, destacou que a maior lição que aprendeu foi a controlar as expectativas. Ele defende a "expectativa zero", pois a frustração muitas vezes surge quando a expectativa está fora da realidade. Para ele, é muito melhor ter "perspectiva" do que criar "expectativa". Ele também enfatiza a importância de desenvolver quatro crenças: acreditar no mercado, na empresa, no produto e, a mais desafiadora, em si mesmo. Radamés já teve perdas gigantescas e frustrações com vendas de milhares de reais que estavam quase fechadas, mas aprendeu a não colocar expectativa até que o dinheiro esteja na conta.
A Realidade das Negociações na China
Cíntia nos trouxe um pouco da sua experiência nas viagens à China. Ela notou que lá "tudo funciona" de forma muito rápida e eficiente, ao contrário do Brasil, onde as coisas são mais "engessadas". Na China, a negociação é diferente: há pouca margem para negociação de valores, pois eles já têm o preço definido. Isso, segundo ela, otimiza o tempo. O diferencial está em modificar o produto para atender às necessidades do mercado brasileiro. Por exemplo, Cíntia consegue pedir para adaptar o peso de uma bandeja para festas, tornando-a mais leve e adequada para o uso pontual do cliente, sem comprometer a funcionalidade. Ela viaja com a diretora da empresa, que atua como intérprete, mas Cíntia é quem "manda", escolhendo e adaptando os produtos com um "olhar brasileiro" para o mercado do Nordeste.
A Importância da Flexibilidade e Recomeços
Radamés abordou a necessidade contínua de mudar a maneira de trabalhar, utilizando o conceito americano de "play to review" – analisar o que foi feito para entender como melhorar. Ele enfatiza a importância de estar atento às tendências e à tecnologia. Radamés desenvolveu o hábito de escutar mais e falar menos, percebendo que "menos é mais" na liderança e na gestão. Ele nos contou sobre a virada em sua carreira após vender a gráfica, quando migrou para vendas diretas, trabalhando para grandes empresas dos EUA e viajando pelo mundo, usando o Zoom anos antes da pandemia. A pandemia o levou a treinamentos para uma fábrica de selantes, e ao retornar, ele se encantou pelo segmento de energia solar. Identificou a necessidade dos clientes por crédito para adquirir sistemas solares, o que o levou a encontrar a Demicon, uma empresa de consórcio e investimento. Hoje, ele é um franqueado da segunda energia e trabalha com consórcio investimento, acreditando na importância de ter múltiplas fontes de renda e abraçando essa oportunidade como se fosse a quinta de sua vida.
Lidando com Erros – Seus e dos Colaboradores
Cíntia explicou que, ao lidar com seus próprios erros, a primeira coisa é admitir que errou. Ela não dorme e se cobra muito, pois veste a camisa da empresa e precisa que as coisas deem certo. Diante de um erro, ela foca em "o que a gente pode fazer agora para melhorar?" e, se não há solução, como minimizar o impacto. Em relação aos colaboradores, ela afirma que é preciso ter paciência e trabalhar muito a conversa para que eles entendam onde erraram. Como líder, Cíntia assume a responsabilidade pelo erro de sua equipe, buscando primeiro uma solução ou minimização antes de levar o problema para a diretoria, sempre apresentando uma solução junto com o erro.
Radamés, como líder, considera que a culpa de um erro de seu liderado é, na verdade, sua responsabilidade. Ele compartilhou um caso engraçado de um colaborador que errou 25.000 cartões de visita. Ele resolveu a situação com bom humor, chamando o funcionário de canto, reforçando a lição: "elogie em público e critique em particular". Ele critica a prática de gestores que, por ego, criticam em público para se elevarem, e enfatiza que as pessoas erram tentando acertar. Radamés apresentou a "técnica da lâmina de barbear" para críticas construtivas: primeiro, eleve a pessoa com elogios sinceros, e só depois, de forma impessoal e profissional, aponte a área para melhoria, sem diminuir o outro.